Velocidade supera perfeição

Seja rápido em entregar e testar suas ideias. Nunca fica perfeito na primeira tentativa.

Coelho e tartarugas

O provérbio diz que "a pressa é inimiga da perfeição". A interpretação mais comum é que não conseguiremos finalizar uma tarefa com bom resultado se a executamos rapidamente. Esse pensamento gerou milhares de perfeccionistas e proteladores... E eu estava nesses dois grupos.

Até que aprendi que "feito é melhor que perfeito". A frase se tornou um mantra de startups e empresas modernas. Faça uma primeira versão e, através de melhoria contínua e iterações, busque os melhores resultados.

Acelerar é reduzir o caminho a se percorrer

Na época da publicidade, fazia meus roughs dos anúncios em papel e as "bonecas" de revistas. Lápis e papel vinham antes do Photoshop.

No mundo das startups, conheci os conceito de MVP, lean startup e fast feedback loop. Abaixo, o desenho clássico do produto mínimo viável.

Dos livros da turma do Basecamp, principalmente Rework, vieram essas lições:

  • começar um projeto pelas partes mais importantes ("Build half, not half-ass");
  • desenvolver de dentro para fora ("Start at the epicenter");
  • buscar diversas soluções antes de gastar muito tempo em uma primeira ideia ("Ignore the details early on").

Para acelerar você não precisa trabalhar loucamente, contratar uma equipe gigante ou cortar a qualidade. Na verdade, o que você precisa é encontrar atalhos e mudar o destino final.

Um bom produto não se faz com uma maratona enorme e exaustiva, e sim com várias corridas mais curtas.

O problema da perfeição

A velocidade rápida tem a ver com a redução no tempo de apresentar a sua ideia para outras pessoas - seja na sua equipe ou para os clientes finais.

Na sua cabeça a ideia pode ser brilhante, mas sempre busque uma validação, seja dos seus pares ou do mercado.

Então, se você esperar até ter tudo completo e perfeito, talvez seja tarde demais para mudar.

Não tenha medo de críticas. Não precisa aceitar todas, claro, mas também não use o esforço enorme em sua busca pela perfeição como uma desculpa para evitar mudanças.

O bom é inimigo do ótimo. Seja amigo dos dois.

Você conseguirá mais rapidez se aceitar um resultado "bom", em vez de buscar exaustivamente o "ótimo".

Busque o bom quando:

  • seus recursos (tempo, dinheiro, alternativas) são limitados;
  • é algo pouco relevante para o resultado final;
  • é algo que dá para substituir depois com mais facilidade.

Exija o ótimo quando:

  • houver riscos para o resultado final;
  • é uma parte da solução que é definitiva;
  • você já tem certeza de que não há alternativas melhores.

Com o tempo, esse "ótimo" passa a fazer parte do "bom", pois vira uma boa prática ou seu mínimo aceitável.

Tive uma cliente que sempre exigia que eu seguisse uma série de padrões, como listagem das logomarcas, nomes e empresas em ordem alfabética. Com o tempo, em vez de fazer de forma aleatória, absorvi essa lição. Então as primeiras versões já saiam corretas e não existe retrabalho.

Para o bom ou o ótimo, às vezes, gasta-se quase o mesmo tempo.

A pressa é amiga da perfeição

Ué, mas isso não é o oposto do que diz a sabedoria popular?

Para se ter uma solução perfeita, seja rápido. Vai sobrar mais tempo para tentativas, acertos, erros, correções, novas versões. A perfeição vem chegando aos poucos. Aí, nessa fase final, você pode desacelerar e cuidar dos detalhes.


PS: tudo tem limite, né? Você não vai querer que uma cirurgia no cérebro seja menos do que perfeita ou que seu avião decole rapidamente sem passar pelos procedimentos de segurança. A perfeição talvez seja inalcançável, mas sua busca é desejável em muitos casos.